Reeleger Dilma é um imperativo
20/10/2014
- Opinión
Última semana para o desfecho das eleições presidenciais. Ainda temos indecisos e aqueles que propõem o voto nulo, no mais difícil processo eleitoral desde a chamada “abertura” do final dos anos 1970. Um processo pontuado por todo tipo de iniciativas golpistas por parte da direita, aglutinada em torno do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), e do Democratas (DEM), triste travesti da velha ARENA, o partido de sustentação da ditadura, com o seu candidato Aécio Neves.
O discurso antipetista desses senhores tem se baseado em moralismo semelhante ao do senhor Jânio Quadros, golpista de lamentável memória. Não responderemos neste texto àqueles que, certamente submetidos por vontade própria a himenoplastias, aplicação intensiva de pedra ume nas partes íntimas ou outros métodos, se escandalizam com as denúncias de corrupção envolvendo petistas. E não responderemos simplesmente porque apenas para elencar todos os crimes de corrupção do PSDB e do DEM – todos eles impunes – exigiria várias edições do nosso jornal. É simplesmente grotesco assistir ao senhor Fernando Henrique Cardoso (aquele que comprou, com dinheiro público, o Congresso Nacional para votar a emenda Constitucional que lhe permitiu um segundo mandato) enchendo a boca para denunciar a corrupção de petistas. Declinaremos do bizarro neste artigo.
Trataremos apenas de coisas sérias.
Trataremos da construção resultante de 12 anos de gestões petistas.
Gestões que – com suas políticas sociais – retiraram da miséria absoluta cerca de 50 milhões de brasileiros;
que – com suas políticas na área da Educação – criaram condições para que milhões de jovens das camadas populares pudessem ter acesso a cursos técnicos e universidades;
que – com sua política de Saúde – ampliaram o atendimento médico das populações nos confins deste país;
que – com sua política Habitacional – garantiu moradia para milhares de famílias;
que – permitindo o acesso dos cidadãos e cidadãs a todas as informações dos ministérios, secretarias, empresas e demais órgãos públicos federais – criou uma transparência jamais conhecida pelo nosso povo;
que – apesar da privataria tucana herdada do governo Fernando Henrique Cardoso – conteve a sangria desatada nessa área, garantindo o Monopólio Estatal do Petróleo (Petrobras), o caráter público do Banco Central, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal;
que – com suas sucessivas políticas de Direitos Humanos – criou uma comissão para a prevenção e erradicação da tortura e, pela primeira vez em mais de 500 anos da nossa história, instituiu um organismo para a investigação dos crimes perpetrados pelas nossas elites – a Comissão da Verdade;
que – com sua política Internacional – conseguiu transformar o Brasil em importante interlocutor de todos os povos, com destaque para o grande avanço do Mercosul e do BRICS e a criação juntamente com a Rússia, Índia, China e África do Sul o Novo Banco de Fomento – garantias de nossa soberania e integridade do nosso território e, assim, reforçando barreiras contra a ingerência direta dos EUA em nossa economia e destino.
Mas, se para essa construção (da qual apontamos apenas alguns aspectos) foram necessários 12 árduos anos, sua destruição/desconstrução poderá acontecer em apenas uma gestão. Destruir é sempre mais fácil. E é para isto que estão organizadas as matilhas e alcateias da direita. O senhor Aécio Neves representa exatamente a destruição de tudo isto.
E mais: de acordo com todas as denúncias assinadas e documentadas que circulam pela internet e em vários círculos – e que apenas as instâncias judiciais desta República não tomaram conhecimento, uma possível – ainda que improvável – eleição do senhor Aécio Neves representará um governo sob a batuta do crime organizado. Sim, pois informações abalizadas e fundamentadas de diversos cronistas e cidadãos, o senhor Aécio Neves, além de dependente químico (o que é apenas uma questão de saúde pública) é parte ativa do narcotráfico, empresário do setor – o que, aliás, explica também seus aeroportos construídos com verbas públicas.
Ainda assim, frente a essa renhida batalha entre Eros e Tanatos – metáfora grega para a eterna disputa entre a Vida e a Morte – muitos companheiros (bons companheiros) e correntes de esquerda apregoam o voto nulo. Erro crasso e pelo qual a classe trabalhadora e o povo (povo = explorados e oprimidos) pagarão um altíssimo preço. E aqui, a pergunta que não quer calar: por que somos de esquerda, senão para nos colocarmos a serviço dos interesses da classe trabalhadora (à qual pertencemos) e do povo?
Por detrás de decisões desse tipo, geralmente vicejam equívocos como: os aparelhos (partidos, grupos, organizações, movimentos etc.) são mais importantes que a razão primeira de suas existências: a defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo. Some-se a isto a velha deformação do “quanto pior melhor” – só que o pior só é melhor quando é pior para os nossos inimigos de classe. O pior para os nossos inimigos de classe é a reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Por fim, uma visão apocalíptica e redencionista do mundo: não importa o sofrimento e morte de trabalhadores e demais camadas populares, pois, com a revolução socialista que esses companheiros e seus aparelhos supõem que farão sozinhos, todos ressuscitarão de suas sepulturas para a felicidade e alegria eterna numa nova sociedade onde os rios jorrarão leite e mel.
Reeleger Dilma 13 é um imperativo.
- Alipio Freire é jornalista, escritor, cineasta e artista plástico, é membro dos Conselhos Editoriais do Brasil de Fato e da Editora Expressão Popular, e integra o Conselho Curador do Memorial da Anistia (BH-MG).
21/10/2014
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