Os golpistas e suas artes
11/02/2015
- Opinión
No artigo “Chegou a hora” (“Estadão”, 1°.02.2015), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou publicamente sua determinação em promover um golpe de Estado contra a presidenta Dilma Rousseff, delegando ao Poder Judiciário a tarefa de ruptura da Constituição (da legalidade). Em Honduras e no Paraguai, o método já foi testado com sucesso – mais um truque dos EUA.
As armas dos nossos golpistas são de conhecimento público: o impeachment da presidenta Dilma Rousseff; a questão Petrobras; as novas denúncias da revista IstoÉ desta semana; e a Constituinte Exclusiva.
Entendemos que, no caso do impeachment, o mais viável é transformá-lo em permanente espada de Dâmocles sobre a cabeça da presidenta para tentar forçar acordos, mas nada impede que possa ser acionado – quando convier aos golpistas –, abrindo três possibilidades: a conclusão do mandato pelo vice Michel Temer; o impeachment também do vice e a convocação imediata de novas eleições; ou, ainda, o impeachment do vice Temer, seguido de um mandato tampão, a ser exercido pelo presidente da Câmara em exercício, ou por algum nome consensuado entre os partidos.
Sobre os escândalos da Petrobras – e que têm como objetivo maior a privatização do nosso monopólio Estatal de Petróleo – ele também prosseguirá ainda por muito tempo, pelo menos até 2016 (ano eleitoral) ou até 2018 (eleições presidenciais).
O caminho das investigações sobre a estatal, no entanto, tomará diferentes rumos, de acordo com cada conjuntura. E aqui entram as denúncias da IstoÉ, que articulam os escândalos da petroleira com o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (2002), cujo processo deverá ser reaberto. Sempre de acordo com a revista, as duas questões supostamente se articulariam através do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e seus ex-ministros José Dirceu de Oliveira e Silva e Gilberto Carvalho. Ou seja, fica claro que esse expediente coloca no horizonte e no médio prazo, as eleições de 2018.
Sobre a Constituinte Exclusiva – a respeito do que já escrevemos no texto “Com que roupa, eu vou?” (edição 614), equivocou-se o PT ao lançá-la desde meados de 2013 e, mais ainda, erigi-la em programa durante a campanha presidencial que se seguiu. A atual correlação de forças não nos é (já não era em 2013) favorável, e tememos que a Constituinte Exclusiva possa se tornar um tiro no nosso próprio pé, com um retrocesso das conquistas de interesse dos trabalhadores e do povo (povo = explorados e oprimidos), obtidas em 1988.
Por fim, lembramos que o quadro brasileiro não pode ser pensado à margem das desestabilizações em curso em países vizinhos (Argentina, Venezuela, Colômbia etc.), o que implica buscarmos entender a geopolítica estadunidense para o Continente.
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