A guerra que fraturou a esquerda
04/08/2014
- Opinión
Quando explodiu a Primeira Guerra Mundial, o efeito das suas bombas caiu também sobre a esquerda. Provocou a mais importante ruptura, que constituiu as duas correntes que dominariam seu cenário político por varias décadas: a social democrata e a comunista.
A primeira coisa que fazem os governos quando decidem fazer uma guerra é pedir ao Parlamento um orçamento de guerra, para poder deslocar livremente os recursos, com prioridade absoluta para a guerra. Os partidos socialistas se viram então diante da alternativa de apoiar a seus governos ou de reafirmar suas políticas pacificas e internacionalistas, apoiadas na análise de Lenin de que se tratava de guerras interimperialistas, de divisão e redivisao das colônias entre as grandes potências.
Colocados diante do dilema de somar-se à guerra interimperialista, em que as burguesias de cada país lutavam pelas sus colônias contra as burguesias dos outros países, levados pelo clima patriótico de cada país, ou reafirmar o pacificismo e o internacionalismo, a maior parte dos partidos socialistas preferiu a primeira possibilidade.
Cada um desses partidos socialistas se alinhava com a burguesia do seu país na luta contra os outros países, aceitando não apenas canalizar os recursos orçamentários para a guerra, como o alistamento da massa da população, na sua grande maioria de trabalhadores, para ser carne de canhão da guerra interimperialista.
Na minoria, mantendo as teses do pacifismo e do internacionalismo, segunda as quais os trabalhadores de todos os países têm interesses idênticos e não devem lutar entre si, mas contra as burguesias dos seus países, se mantiveram Lenin, Trotsky, Rosa Luxemburgo, entre outros, que terminaram fundando, alguns anos depois, a Terceira Internacional. À tese de que nunca a revolução é tão difícil como no começo de uma guerra, quando o sentimento patriótico unifica os países contra os países adversários, Lenin opunha a tese de que, ao mesmo tempo, nunca uma revolução é tão possível como no transcurso de uma guerra, quando a massa dos trabalhadores sente na carne os sofrimentos de todo tipo e como terminam lutando contra os trabalhadores dos outros países, em função dos interesses das burguesias de cada país.
Foi uma fratura traumática na esquerda, gerando a social democracia – que apoiou a guerra – por um lado, e os comunistas – pacifistas, internacionalistas -, por outro. Depois a ruptura foi assumindo outro caráter, conforme a social democracia foi renunciando ao socialismo e optando pela domesticação do capitalismo e acusando a URSS de nova forma de totalitarismo. Enquanto os comunistas assumiram a URSS como referencia de socialismo e acusavam a social democracia de servir à reprodução do capitalismo.
Mas aquele momento chave serviu para definir uma escolha: quem preferia a guerra, optava pela questão nacional, sob a forma chauvinista, em detrimento da questão social. Abandonava o internacionalismo e o pacifismo. Um momento trágico para a esquerda mundial, pelas posições assumidas pela maioria dos partidos, mas também pela ruptura que nunca mais será superada.
A primeira coisa que fazem os governos quando decidem fazer uma guerra é pedir ao Parlamento um orçamento de guerra, para poder deslocar livremente os recursos, com prioridade absoluta para a guerra. Os partidos socialistas se viram então diante da alternativa de apoiar a seus governos ou de reafirmar suas políticas pacificas e internacionalistas, apoiadas na análise de Lenin de que se tratava de guerras interimperialistas, de divisão e redivisao das colônias entre as grandes potências.
Colocados diante do dilema de somar-se à guerra interimperialista, em que as burguesias de cada país lutavam pelas sus colônias contra as burguesias dos outros países, levados pelo clima patriótico de cada país, ou reafirmar o pacificismo e o internacionalismo, a maior parte dos partidos socialistas preferiu a primeira possibilidade.
Cada um desses partidos socialistas se alinhava com a burguesia do seu país na luta contra os outros países, aceitando não apenas canalizar os recursos orçamentários para a guerra, como o alistamento da massa da população, na sua grande maioria de trabalhadores, para ser carne de canhão da guerra interimperialista.
Na minoria, mantendo as teses do pacifismo e do internacionalismo, segunda as quais os trabalhadores de todos os países têm interesses idênticos e não devem lutar entre si, mas contra as burguesias dos seus países, se mantiveram Lenin, Trotsky, Rosa Luxemburgo, entre outros, que terminaram fundando, alguns anos depois, a Terceira Internacional. À tese de que nunca a revolução é tão difícil como no começo de uma guerra, quando o sentimento patriótico unifica os países contra os países adversários, Lenin opunha a tese de que, ao mesmo tempo, nunca uma revolução é tão possível como no transcurso de uma guerra, quando a massa dos trabalhadores sente na carne os sofrimentos de todo tipo e como terminam lutando contra os trabalhadores dos outros países, em função dos interesses das burguesias de cada país.
Foi uma fratura traumática na esquerda, gerando a social democracia – que apoiou a guerra – por um lado, e os comunistas – pacifistas, internacionalistas -, por outro. Depois a ruptura foi assumindo outro caráter, conforme a social democracia foi renunciando ao socialismo e optando pela domesticação do capitalismo e acusando a URSS de nova forma de totalitarismo. Enquanto os comunistas assumiram a URSS como referencia de socialismo e acusavam a social democracia de servir à reprodução do capitalismo.
Mas aquele momento chave serviu para definir uma escolha: quem preferia a guerra, optava pela questão nacional, sob a forma chauvinista, em detrimento da questão social. Abandonava o internacionalismo e o pacifismo. Um momento trágico para a esquerda mundial, pelas posições assumidas pela maioria dos partidos, mas também pela ruptura que nunca mais será superada.
05/08/2014
https://www.alainet.org/pt/articulo/102188
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