Cntra aos transgênicos

24/09/2003
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As notícias de que o governo federal enviará ao Congresso uma MP liberando o plantio da soja transgênica Roundup Ready no Rio Grande do Sul, para a próxima safra, é motivo de grande preocupação para todos nós. A liberação do plantio da soja RR, mesmo que em um único estado, é inadmissível, uma vez que abre um precedente grave, permitindo que produtores de outros estados sigam o exemplo do RS. Significaria, na prática, transformar em letra morta a atual legislação sobre organismos geneticamente modificados.

A CUT se posiciona contrária à liberação, por entender que a liberação dos transgênicos não traz nenhum benefício ao país, apenas riscos e ameaças. Defendemos os avanços da ciência e da biotecnologia, mas entendemos que os mesmos devem ser utilizados para melhorar, e não para deteriorar, o meio ambiente e a qualidade de vida da população, como é, na nossa opinião, o caso dos transgênicos. A liberação dos transgênicos introduz o monopólio da semente por parte de empresas como a Monsanto, às quais os agricultores deverão pagar royalties pelas sementes. A liberação coloca em risco a segurança alimentar do país, ao tornar-nos dependentes das sementes de um punhado de corporações transnacionais. Significa uma grave ameaça à biodiversidade, pelo poder de "contaminação" das plantas transgênicas, com consequências gravíssimas ao equilíbrio ecológico e, consequentemente, à qualidade de vida da população. Basta olharmos para países como o México, onde o milho transgênico está eliminando as variedades selvagens e nativas de milho.

A CUT defende uma agricultura sustentável, baseada na produção orgânica, capaz de gerar riquezas e, ao mesmo tempo, alimentos mais sadios e melhor qualidade de vida. Os transgênicos, pelo contrário, trazem embutidos métodos não sustentáveis de cultivo, como a necessidade do uso maior de agrotóxicos. É o caso da soja roundup ready da Monsanto. Dados da própria FAO demonstram que a soja transgênica norte- americana é menos produtiva e tem custos maiores do que a soja convencional brasileira. E, além disso, fecharia a porta de mercados importantes da Europa e da Ásia, onde existem restrições severas aos produtos transgênicos, e para onde tem sido exportado o grosso da nossa soja. Por fim, não há qualquer prova de que os produtos transgênicos não ocasionem danos à saúde, motivo pelo qual tem sido evocado o princípio da precaução.

Portanto, posicionamo-nos contra qualquer MP que tenha como objetivo a liberação dos transgênicos, uma vez que o que está em jogo é muito mais do que uma safra agrícola deste ou daquele estado da federação. Está em jogo a própria perspectiva de um Brasil socialmente justo e ambientalmente sustentável. Executiva Nacional da CUT

https://www.alainet.org/pt/articulo/108445?language=en
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