Diante da Alca, só nos resta luta
03/11/2005
- Opinión
“Deter a Associação de Livre Comércio das Américas (Alca) é um dos
objetivos desta Cúpula dos Povos”, afirmou o representante da Rede
Mexicana de Ação Contra do Livre Comércio, Héctor De la Cueva, no
painel Alca e os Tratados de Livre-comércio: As Américas frente ao
imperialismo e ao livre comércio.
A III Cúpula dos Povos acontece entre 1 e 5 de novembro em Mar Del
Plata, na Argentina. Vindos de todas as regiões da América, os
participantes analisaram a situação de seus respectivos países em
relação à Alca e aos tratados de livre-comércio. Todos concordaram na
necessidade de pressionar os governos do continente para deter
definitivamente as negociações de livre-comércio com os Estados Unidos.
De la Cueva afirmou também que os Estados Unidos querem obter com
os tratados bilaterais e regionais o que não conseguiram com a Alca.
“Mas a Alca é um marco estratégico para o governo estadunidense e em
2006 eles devem recomeçar as iniciativas com a apoio de governos
servis, como o do mexicano Vicente Fox”, completou.
Ao Nafta (Acordo de Livre-comércio da América do Norte), tratado
entre o Canadá, México e Estados Unidos, agora se soma o Aspan (Acordo
para a Segurança e a Prosperidade da América do Norte, um projeto maior
que inclui na pauta o tema da segurança.
Os objetivos do Aspan são fortalecer a região diante da competição
econômica estrangeira e garantir uma maior “segurança” para esses
países, mas o novo acordo apenas aprofunda a desigualdade e a
subordinação do México pelos Estados Unidos, afirmou De la Cueva.
O canadense Pierre Yves Serinet, de la RQCI (Rede de Québec sobre a
Integração Continental) explicou que com esses tratados os Estados
Unidos vão garantir, entre outras coisas, uma área de segurança maior e
o acesso aos recursos naturais da América do Norte. Em doze anos de
implantação do Nafta, o meio-ambiente dos três países foi
consideravelmente afetado. A privatização aumentou e os trabalhadores e
trabalhadoras viram seus salários baixando, explicou Serinet.
Em outro momento do painel, o costa-riquenho Jorge Coronado, do
Encontro Popular, comentou a situação difícil que vive a América
Central a partir das iniciativas como o Cafta e o Plano Puebla Panamá,
facilitados em grande parte pela servidão histórica dos governos da
América Central diante das estratégias políticas e econômicas dos
Estados Unidos.
O haitiano Camille Chalmers, representante da PAPDA (Plataforma
para o Desenvolvimento Alternativo) e do Jubileu Sul, denunciou mais
uma vez a situação que vive em seu país, “um verdadeiro laboratório de
intervenção”. É um antecedente do que pode ocorrer em outras partes do
continente. Chalmers denunciou a ingerência nos assuntos internos do
Haiti de países supostamente “democráticos” e ressaltou a importância
da Alba (Alternativa Bolivariana para a América) para todos os povos do
continente.
Já a uruguaia Claudia Torrelli, das Redes do Uruguai, disse que o
tratado de livre-comércio é “muito mais que comércio”, porque forma
parte da estratégia geopolítica dos Estados Unidos para se apoderar do
continente. Ela alertou sobre o perigo dos planos neoliberais que
impulsionam também a União Européia e sugeriu a oportunidade de
repensar o internacionalismo, com o propósito de intensificar a luta
contra o neoliberalismo no interior dos países europeus. (Tradução:
Maíra Kubik Mano/MST)
- Marcel Lueiro - Caminos / Minga Informativa de Movimientos Sociales
https://www.alainet.org/pt/articulo/113406
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