A guerra na Somália e os interesses dos Estados Unidos
23/01/2007
- Opinión
Para ativistas somalis, interesses norte-americanos na região estão na origem do conflito que sangra o país africano. Entre eles, a localização geográfica estratégica do país na rota do petróleo e o controle do próprio combustível.
Nairóbi – Representantes da sociedade civil da Somália vieram para o VII Fórum Social Mundial para compartilhar tudo o que pensam em relação à guerra que aflige o país africano. Os militantes de entidades somalis presentes no encontro são unânimes na rejeição da caracterização do conflito bélico como uma mistura de disputa étnico-religiosa.
A questão interna é apenas um pretexto, afirma Jama Mohamed (na ilustração), da Organização Somaliana para o Desenvolvimento Comunitário - Somalian Organization for Community Development (Socda). “As movimentações internas foram o suficiente para atiçar os interesses dos poderosos”, emenda.
O principal interessado, continua Mohamed, são os Estados Unidos, especialmente pela localização geográfica estratégica (na região do Golfo Pérsico, rota utilizada pelos países produtores de petróleo) e pelo controle do próprio petróleo. Empresas norte-americanos têm concessão para a exploração do recurso natural, mas chineses ameaçam o domínio dos EUA. “Os interesses dos EUA estão claros desde 1993 [ano em que o exército norte-americano protagonizou uma intervenção malsucedida na Somália], quando eles quiseram condenar o nosso país apenas à categoria de mero produtor de alimentos”, continua o dirigente da entidade.
O diretor da Rede de Paz e Direitos Humanos - Peace and Human Rights Network (PHRN), Abdinasir Ahmed Osman, trata em minúcias os interesses envolvidos no conflito bélico em curso na Somália. “As companhias norte-americanas sabem mais sobre o petróleo da Somália do que os próprios somalis”, discorre. A União Européia, em especial a Itália, também mantém ligações com o país africano em setores econômicos como telecomunicações e cultivo da banana. Os países árabes, por sua vez, são grandes consumidores da produção da Somália. Osman completa: “Todos esses interesses encontram respaldo em grupos internos. Estamos pedindo ajuda à comunidade internacional para que todos esses interesses não acabem com o povo da Somália”.
Convém, hoje, aos EUA, na visão de Mohamed, manter o conflito e a instabilidade no país africano vizinho do Quênia, sede da sétima edição do FSM. Para tanto, eles incentivam países vizinhos como a Etiópia e o Quênia a tomar parte no processo.
Segundo ele, depois de décadas de guerra interna, lideranças muçulmanas estavam conseguindo dar uma certa unidade à nação. Com a deflagração do conflito, os EUA, que já jogaram bombas na Somália, têm revelado a sua política de dupla personalidade que, em última instância, busca fragmentar as forças internas para enfraquecer qualquer tipo de reação. Alguns líderes religiosos islâmicos da Somália estão, nesta terça-feira (23), em Nairóbi justamente para negociar com os EUA.
“Milhares de pessoas de povos nômades estão morrendo nas regiões fronteiriças. A guerra está devastando uma área de floresta, rica em fauna e flora”, continua Mohamed.
“Sabemos dos interesses dos Estados Unidos. Queremos apenas sentar à mesa e ouvir o que eles realmente querem. Não é preciso destruir o nosso povo”.
Nairóbi – Representantes da sociedade civil da Somália vieram para o VII Fórum Social Mundial para compartilhar tudo o que pensam em relação à guerra que aflige o país africano. Os militantes de entidades somalis presentes no encontro são unânimes na rejeição da caracterização do conflito bélico como uma mistura de disputa étnico-religiosa.
A questão interna é apenas um pretexto, afirma Jama Mohamed (na ilustração), da Organização Somaliana para o Desenvolvimento Comunitário - Somalian Organization for Community Development (Socda). “As movimentações internas foram o suficiente para atiçar os interesses dos poderosos”, emenda.
O principal interessado, continua Mohamed, são os Estados Unidos, especialmente pela localização geográfica estratégica (na região do Golfo Pérsico, rota utilizada pelos países produtores de petróleo) e pelo controle do próprio petróleo. Empresas norte-americanos têm concessão para a exploração do recurso natural, mas chineses ameaçam o domínio dos EUA. “Os interesses dos EUA estão claros desde 1993 [ano em que o exército norte-americano protagonizou uma intervenção malsucedida na Somália], quando eles quiseram condenar o nosso país apenas à categoria de mero produtor de alimentos”, continua o dirigente da entidade.
O diretor da Rede de Paz e Direitos Humanos - Peace and Human Rights Network (PHRN), Abdinasir Ahmed Osman, trata em minúcias os interesses envolvidos no conflito bélico em curso na Somália. “As companhias norte-americanas sabem mais sobre o petróleo da Somália do que os próprios somalis”, discorre. A União Européia, em especial a Itália, também mantém ligações com o país africano em setores econômicos como telecomunicações e cultivo da banana. Os países árabes, por sua vez, são grandes consumidores da produção da Somália. Osman completa: “Todos esses interesses encontram respaldo em grupos internos. Estamos pedindo ajuda à comunidade internacional para que todos esses interesses não acabem com o povo da Somália”.
Convém, hoje, aos EUA, na visão de Mohamed, manter o conflito e a instabilidade no país africano vizinho do Quênia, sede da sétima edição do FSM. Para tanto, eles incentivam países vizinhos como a Etiópia e o Quênia a tomar parte no processo.
Segundo ele, depois de décadas de guerra interna, lideranças muçulmanas estavam conseguindo dar uma certa unidade à nação. Com a deflagração do conflito, os EUA, que já jogaram bombas na Somália, têm revelado a sua política de dupla personalidade que, em última instância, busca fragmentar as forças internas para enfraquecer qualquer tipo de reação. Alguns líderes religiosos islâmicos da Somália estão, nesta terça-feira (23), em Nairóbi justamente para negociar com os EUA.
“Milhares de pessoas de povos nômades estão morrendo nas regiões fronteiriças. A guerra está devastando uma área de floresta, rica em fauna e flora”, continua Mohamed.
“Sabemos dos interesses dos Estados Unidos. Queremos apenas sentar à mesa e ouvir o que eles realmente querem. Não é preciso destruir o nosso povo”.
Fonte: Carta Maior
http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=13354
https://www.alainet.org/pt/articulo/118898
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