A hora é agora

08/03/2007
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Quando uma multidão de brasileiros patriotas se uniu, se organizou e se empenhou para reeleger Lula, no ano passado, não foi, certamente, com o objetivo meramente ingênuo e simplista de “escolher o mal menor”. Ao contrário, a reeleição parece ter-se inscrito no quadro do amadurecimento da consciência política da nação que, tendo experimentado, nos quatro anos do 1º mandato, alguns avanços, ainda que tímidos, sobretudo nas áreas da participação popular e inclusão social, endossa agora tal projeto como confiável.

Lula reeleito foi, portanto, a expressão do voto de confiança da maioria do Povo brasileiro! Ora, em qualquer campo da vida humana, valendo igualmente para o político, quem confia, espera. Assim, é natural que todos acreditássemos e esperássemos que a política de participação e inclusão deslanchada, fosse continuada e ampliada, contribuindo para consolidar o processo democrático, que inclui, obrigatoriamente, consulta (por exemplo, na forma de plebiscito) e ação conjunta (independente de interesses pessoais ou de grupos) para decidir sobre os destinos da nação.

Em artigo que escrevi no dia do anúncio da vitória, alertei que era preciso, sim, deixar “o homem trabalhar”, mas com o adendo: “sozinho, o homem pode se cansar”. O Brasil não é só do seu Presidente, mas de todos os brasileiros. O País será, então, o que ousarmos construir juntos. Paulo, o apóstolo, tem uma expressão forte para este tempo de Quaresma e Campanha da Fraternidade que estamos vivendo: “É agora o tempo favorável!” Há problemas sérios e urgentes que continuam aguardando por encaminhamentos e respostas. Reformas inadiáveis por trás das quais estão em jogo vidas humanas, tais como: reforma agrária com demarcação das terras indígenas, reforma política, tributária, do judiciário...Retoma o cenário nacional o drama do Rio São Francisco (o “Velho Chico”), condenado à transposição...Estamos recebendo –ainda que não tenhamos convidado– visita de persona non grata, o Sr. George Bush, o gangster da Casa Branca, de olho, entre outros, no nosso álcool...

“É agora o tempo favorável!” Tempo de colaborar efetivamente com Lula, cobrando dele mais participação: que ouça os seus eleitores; que para os encaminhamentos, e respostas aos grandes e graves problemas da nação, consulte e acate a opinião de quem, de fato, entende do assunto nas respectivas áreas que requerem mudança; que além do recurso ao plebiscito, viabilize algo como uma “secretaria de representatividade”, reunindo aí delegados e representantes das forças de movimentos e organizações populares (sindicatos, associações, conselhos etc.), preocupadas e afinadas com os reais interesses do povo e da nação brasileira.

Levando em conta o atual contexto, especialmente desafiador para toda a sociedade brasileira, entendemos que haja quem coloque em xeque nossa proposta por professar-se PT doente. A estes, de antemão, respondo que também sou, por enquanto e sob condição, PT doente, mas não PT demente. Em outras palavras, se continuarmos acreditando e investindo, mesmo que dissimuladamente, na obsoleta e nefasta esperança de um “salvador da pátria”, soçobraremos todos, e mais rápido do que possamos imaginar.

“É agora o tempo favorável!” A sabedoria do poeta canta o mesmo com outras palavras: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Salvar o Brasil ou deixá-lo naufragar? Este não é um trabalho para o super-homem, mas para todos os que amamos nosso País, lutamos e entregamos a vida por ele, e discernimos que para construir um sonhado futuro de paz e justiça, a hora é agora.

Carlos C. Santos

Presbítero e assessor das CEBs da Arquidiocese de Juiz de Fora. Notas biográficas disponíveis no sítio: www.carlosonline.net
https://www.alainet.org/es/active/16224
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