Raul Seixas, um filósofo à reinvenção da educação no Brasil

12/08/2013
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 O músico Raul Seixas (1945-1989) se mostrou um Filósofo desde cedo. Certa vez, declarou: “Aos onze anos eu estava muito preocupado com filosofia sem saber, isto é, eu não sabia que era filosofia aquilo que eu pensava. Tinha mania de pensar que eu era maluco e ninguém queria me dizer. Gostava de ficar sozinho pensando. Horas e horas. Meu mundo interior é e sempre foi muito rico e intenso.”[1] Tinha a mente marcada pela dúvida, criticidade e radicalidade.
 
A Música Popular Brasileira (MPB) ganhou uma dimensão filosófica nas letras de Raul Seixas. Mas na Educação o Filósofo ainda não alcançou o merecido destaque. Por outro lado, podemos beber da grande obra que nos deixou (fonte de cultura geral), escrita em uma linguagem acessível e de sonoridade inesquecível. O artista combateu a ditadura e reinventou o próprio modo de viver. Situa-se próximo da “educação reinventada” defendida por Muniz Sodré.[2]
 
 O rigor intelectual do “Filósofo da MPB” é dado pela forma simples como canta o cotidiano. A música “Maluco Beleza”, por exemplo, é genial.[3] Raul Seixas filosofou, viajou livre, e faz eternamente sentido ao povo, porque é o povo que fala da vida do povo. Diferentemente, há os Filósofos da linguagem obscura, quase incompreensíveis, tais como: Martin Heidegger (1889-1976), Jacques-Marie Émile Lacan (1901-1981), Michel Foucault (1926-1984).
 
Com doçura poética refinada, Raul Seixas rompeu fronteiras: cantou em espanhol, idioma ainda menosprezado no Brasil. Agora, até que ponto o importado (de)forma o nacional? O conteúdo descontextualizado no livro didático; a “vida cultural imitada”, explicada por Roberto Schwarz no famoso ensaio “Nacional por subtração”[4]; o uso excessivo de estrangeiros em citações nas universidades brasileiras, são opostos ao reconhecimento da intelectualidade brasileira.
 
Enfim, na múltipla e mágica obra do “Filósofo da MPB” vivem diversos temas filosóficos: contracultura, anarquia, amor, ironia, mito, morte, natureza, poder, política, sonho... Por que então Raul Seixas não é mencionado em livros didáticos? Ignorância? Discriminação? Aversão ao belo? Cabe inseri-lo na Educação e reinventá-la. Afinal, os países de passado colonial precisam do pensamento criativo para ser descolonizados, comenta o Filósofo Enrique Dussel.[5] 
 REFERÊNCIAS:
 
[1] PASSOS, Sylvio (org). Raul Seixas por ele mesmo. São Paulo: Martin Claret, 1990, p. 76.
 
https://www.alainet.org/es/node/78385
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