A nova e invisivel escravidão

05/05/2011
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A história está recheada de casos e relatos do problema da escravidão humana. A bíblia, considerado o documento inspirado, tem diversas passagens de escravidão dos judeus por povos, onde se supõe a mais significativa aquela referente ao cativeiro dos egípcios por 430 anos. Aristóteles filósofo grego, considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos e criador do pensamento lógico, na sua argumentação defendia o postulado sociológico da escravidão. Em diversas oportunidades da história a escravidão foi sendo considerada como necessária, onde o império romano é o mais conhecido. 
 
A pessoa escrava nesta condição era propriedade de um senhor, praticamente dono de sua vida não possuindo assim qualquer elemento de direito. Para o “proprietário” o único compromisso moral era garantir os elementos básicos para sua sobrevivência como alimentação, vestimenta e remédios. Nesta condição de cativo estava sempre a disposição de seu dono que o explorava em termos de trabalho para sua produção, quando não outra, se for mulher. O não cumprimento de suas tarefas, ou tentativa de fuga, eram aplicados castigos de açoitamento e outras torturas, conforme o ritual escravagista, no caso do Brasil colônia. Para o dono-empresário, fora a alimentação e vestuário acima falado, esta era uma mão-obra de custo zero. Nesta condição era fácil concorrer no mercado europeu de sua época. A escravidão que nos referimos, é aquela gerada pela força da violência, pela predominação e poder. Existe a condição de pessoas ou mesmo famílias, que se submetem a este regime, por falta de terra ou outra alternativa e oportunidade de trabalho.
 
Na forma explicita acima, não se tem mais aquele tipo de escravidão, tem-se uma pior. Uma escravidão sem violência física, mas com uma coação sutil, legal, silenciosa e moral, quando o cidadão se coloca na condição de endividado. O endividamento, em todas as suas formas, por financiamentos, cartões de crédito, cheque especial e até empréstimos bancários, que estes lhe ofereceram “generosamente”, lhe gera um comprometimento do futuro, onde ele passa trabalhar para um novo dono-proprietário algoz de caráter invisível e silencioso. Este senhor como um polvo gigantesco do tamanho do país que se chama sistema financeiro lhe exigirá até sua última gota de sangue em trabalho, não se importando se ele esteja desempregado ou não. Este é o sistema capitalista e não tem mais saída, a não ser que ele morra no caminho e a viúva ou herdeiros terão que enfrentar uma enorme dor de cabeça pela frente. Tudo isto porque um dia ele fracassou diante de uma poderosa máquina de guerra do sistema capitalista através da propaganda persuasiva, inebriante e até subliminar veiculada pela mídia.   
 
Quando o dinheiro e as finanças ocuparem em nossa existência, o lugar prioritário do nosso Criador, fatalmente estará condenado a ser um escravo financeiro. Nesta condição, não há chicote, nem castigo físico, mas sim coação moral onde se vive sob pressão econômica e juridica tal, que não pode mais se livrar dos grilhões das finanças de sua cabeça. A pressão é tamanha que alem de gerar mau humor, atritos no lar, no trabalho, no trânsito, na mesa, porque só se tem um único pensamento: como sair desta. A temática acima sempre se refere a esfera do consumo. No caso da produção, deve-se ter muito cuidado, para que a alavancagem seja positiva. Isto é, se o custo dos juros é inferior ao ganho ou lucro da produção esperada. Caso contrário, a pressão terá o mesmo significado.   
 
Para o cidadão comum, a antecipação de um prazer passageiro poderá ser a escravidão invisível e silenciosa do poder financeiro para toda a vida.
 
- Sergio Sebold – Economista e Professor 
https://www.alainet.org/pt/articulo/149547

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