A família em crise existencial

12/05/2012
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Diariamente nos defrontamos com casos e mais casos de famílias se destruindo por motivos cada vez mais banais. Procura-se por todos os meios a introdução de “novos” modelos de coexistência familiar com a falsa justificativa que tudo está mudando e a estrutura da família tradicional não alcança mais seus objetivos. Há uma constante busca das causas da criminalidade em crescimento vertiginoso onde uma das mais apontadas é o problema da educação. Embora reconheça-se que parte do problema esteja nesta condição, pouco se divulga que os primeiros passos do ser humano é dado num ambiente familiar e, é lá que se moldará sua personalidade.

Houve nas últimas décadas uma fantástica mudança de hábitos e costumes decorrentes da tecnologia que nos são injetados diariamente, sem qualquer possibilidade de senso crítico para estabelecer, se nos é útil ou não, se moralmente é correto ou não. Mal um conforto começa se incorporar ao nosso cotidiano, imediatamente vem um novo, tornando o anterior obsoleto para perpetuar o vazio existencial da grande sociedade. Todos devem estar ocupados. A indústria não pode parar e o capital também não.

Neste contexto, pessoas estão ficando cada dia mais perdidas, sem referencial. A educação dos pais na família tradicional está perdendo espaço cada vez maior, para propostas e experiências de convivência, ditadas pela mídia, particularmente a televisão, onde prega a antítese dos valores morais e culturais. O mito da caverna de Platão aqui se repete. As pessoas ficam grudadas naquela telinha dia e noite e não conseguem ver mais a verdadeira “luz” do dia. Que Pena.

Assim vai se criando gerações totalmente alienadas, longe dos valores espirituais e o afastamento literal dos valores cristãos. A família é, e sempre será o núcleo essencial da sociedade. É ela determinante na transmissão da vida, dos valores, da educação gradual de comportamento e do respeito mútuo entre as pessoas.

As causas mais comuns da deterioração da família são decorrentes de pais que não foram preparados para serem pais. De uniões espúrias não consagradas, de “produção independente”, liberalidade dos costumes, fora os casos de violência sexual. Filhos que vieram sem serem filhos, sem qualquer profissão de uma fé, agnósticos literalmente. São em geral filhos de pais em conflitos, pais em “turn over”, pais afetivamente ausentes. Ausência aqui no sentido amplo, não companheirismo, longe dos problemas dos filhos, pais que não se conversam, e o fundamental a falta de uma crença religiosa. Família que não professe alguma forma religiosa - defendemos a cristã - não se manterá por muito tempo. Quando muito, até os filhos começarem a andar ou se comunicarem com os pais. A partir dali a ausência começa se manifestar. Logo, logo, tristemente vai cada um (mãe e pai) para seu lado, proclamando seus desejos e direitos do individualismo predador. Neste momento os filhos existentes passam para um triste espólio de quem fica com quem.

Por outro lado, a ausência física temporária dos pais por trabalhar fora, digna, honrada, quando juntam seus esforços e recursos para manterem a prole, dificilmente haverá nesta família filhos desajustados. Os filhos não são tão ingênuos de não se aperceberem o comprometimento dos pais. Se os comportamentos morais forem bons, dignos, honrados, terão filhos mais tarde que vão fazer exatamente como os pais fizeram ou disseram. É fortíssimo o refrão: “Família que reza unida, permanece unida”. Família em comunhão com Deus se torna indestrutível.

A família não é um elemento estático, nem um agregado de pessoas e necessidades, mas uma célula viva. Não é apenas um ente de consumo, mas uma fonte de investimento, assim como os filhos não são um “assunto privado”, mas também para toda a comunidade, conforme declarou Gianna Savaris, vice-presidente do Fórum Nacional das Famílias da Itália.

Há milhões de anos os pássaros, fazem exatamente como seus pais fizeram, com uma comunicação mínima, corporal e alguns sons emitidos para que passasse o conhecimento à próxima geração. E com isto não se extinguiram

O tipo de pais que aludimos acima, nem sempre buscam no casamento uma realização humana no sentido amplo da sua essência espiritual. Não foi lhes dito que fazemos parte de uma cadeia de vida, desde o início dos tempos, estabelecida por um plano divino de nosso Criador, cujo processo deverá se perpetuar. Mas este processo somente frutificará no plano do amor incondicional. Amor doação sem cobrança. Nesta condição haverá famílias sólidas e filhos que vêem ao mundo com segurança para manter o elo perpétuo da vida.

A família como se está produzindo hoje passa ser uma abstração constituída apenas por pessoas físicas, que se diferenciam pelo gênero, pelas idades e suas preferências fúteis. Todos fazem parte da “família”. A questão pai, mãe, filhos são meros produtos sociais ou efeitos da natureza humana. Todos são indivíduos e devem assim permanecer na clausura de seus egoísmos.

Infelizmente, boa parte de nossos jovens quando se unem em casamento o fazem com a intenção de estarem livres, sem restrições, para praticar o sexo desenfreado por prazer e para o prazer. Numa paixão sem limites. Então quando surgem os filhos “por acidente de percurso” geram para os pais um problema, uma perturbação nas suas relações, onde aflora neste momento seus individualismos. Tristemente, temos filhos gerados pela forma inconseqüente e não fruto da beleza de um valor superior: o amor.

O que se pode esperar, do hiper individualismo, onde se proclama que ninguém é mais de ninguém, “cada um na sua”? O que se pode esperar quando o Estado desestimula a existência da família consagrada (juridicamente) a favor de outras formas de uniões? O que se pode esperar no contexto dos direitos e vantagens individuais, quando estes forem superiores, aos da família civil?

O fim da família será o fim da civilização.

 

Sergio Sebold – Economista Independente e Professor.

 

 

 

 

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/157882

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