Família e a “Janela de Overton”
22/07/2012
- Opinión
A família como instituição antropológica está passando por uma transformação profunda nunca antes imaginada. A história tem revelado, através de relatos, vivências recente (e até atual) de modelos de pai e mãe com uma prole até numerosa. Era comum, até o advento dos anticoncepcionais na década de 60 do século passado, contingentes de 10 filhos ou mais. Esta mudança estatística está levando a outros parâmetros de comportamento social.
Pela ótica antropológica a família perpassou no tempo com varias configurações de relacionamentos e extensão: Família Extensa, onde alem dos pais e filhos englobavam, avós, tios, sobrinhos e outros parentes próximo, inclusive outros por afinidade, eram verdadeiros clãs familiares; Família Nuclear constituída apenas por pai, mãe, filhos também chamado de círculo familiar; e Famílias Compostas geralmente de uniões em turn over que podem ser pai ou mãe, com filhos sanguíneos ou não, geralmente conseqüência de separações.
Mesmo nas condições clássicas de estrutura a maior transformação se processou dentro dela mesma, pela mudança dos papeis de seus atores. Os pais que eram líderes hoje já não o são mais. Não conseguem dirigir a família adequadamente, onde o fracasso é muito comum, principalmente com relação à educação dos filhos, sobre seus princípios morais. Em muitos casos os pais passam a ser dirigidos de fora, impotentes diante da pressão da informação e meios de entretenimento, que acabam dominando a todos. Não há mais tempo para conversarem entre si. Eles perderam o status de educadores transferindo esta tarefa para as escolas e outras instituições que guardam seus filhos (creches) enquanto trabalham fora. Com isto perdem a intimidade e controle sobre os filhos.
A criação de legislações duvidosas sobre o ponto de vista pedagógico, onde as crianças por vários motivos, passam ter dificuldades de entender e aceitar a atitude de disciplina e ordem em sala de aula, diante da super proteção criado pelo estado. Não lhes impõe deveres e responsabilidades garantindo apenas direitos excessivos sem qualquer lógica educativa. Neste contesto os professores ficam colocados contra a parede em situações difíceis de tomarem medidas disciplinares necessárias mais rigorosas em relação ao comportamento dos alunos no ambiente escolar.
A insistência dos meios de comunicação, particularmente a televisão em propagar modismos, com intensidades inimagináveis, através de programas que incitam a violência em competições físicas e éticas, novelas amorais, filmes promovendo a guerra em shows de pirotecnia, que ninguém deseja, em canais abertos e fechados; publicidades que promovem a alusão e apologia da desobediência, insubordinação de toda natureza com relação a autoridade dos pais, fato esse que tem levado ao fracasso e o esfacelamento das famílias e por conseqüência o aumento da violência na sociedade organizada colocando todos nós em paranóia coletiva.
O mais estranho de tudo isso, é que nas famílias onde há redução do número de filhos, justamente se observa maior desunião e falta de disciplina dos filhos do que em grupos mais numerosos. Estamos chegando ao absurdo de filhos ameaçarem os pais, quando estes buscam na severidade objetiva e sadia o enquadramento disciplinar necessário dentro da família. Aonde chegamos.
Os efeitos da “Janela de Overton” estão se manifestando.
Sergio Sebold – Economista Independente e Professor
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