O “turn ove” matrimonial
04/01/2013
- Opinión
Sou da geração anterior a Spielberg. Mas, sem qualquer espírito saudosista, fui educado para o casamento perpétuo, como toda aquela geração. As meninas eram educadas para serem futuras mães de família e que o casamento era um momento sério e sagrado. Era somente entre homens e mulheres, não existiam outras formas. Aos meninos era dada a educação que seriam futuros maridos, pais honrados e mantenedores da família. O casamento tanto religioso como civil, era o diploma para se constituir uma família. A sociedade dispensava admiração e apoio solidário.
A cultura da época obrigava as meninas a se apresentarem no altar, com o “selo” incólume da virgindade protegido por elas pela abnegação e fuga de qualquer apelo do sexo antes do casamento.
A família não é uma coisa do passado, pelo contrário, é a instituição social básica que garante o futuro de todas as gerações. Antes de qualquer consideração moralista, a família convencional pai-mãe-filhos, é onde trás maior segurança psicológica para todos os membros.
“É incorreto falar de que “família é vitima da crise econômica”. Mas é bem verdade que a crise econômica e a crise da família têm uma “matriz comum” que reside nos males antropológicos do nosso tempo: o individualismo, o relativismo, o utilitarismo e o consumismo”, conforme palavras do eminente cardeal Ennio Antonelli. Pela nossa visão pragmática a crise econômica é decorrente da crise da família.
Os primeiros modelos novelescos que sugiram na televisão eram em geral espelhados na vida lasciva e promíscua dos artistas da época. Consideravam-se os arautos de uma nova proposta sócio/cultural. Com isto se procurou construir toda uma moral nova no modelo de relacionamento familiar. A realidade familiar da época e, até hoje, continua fortemente estribado na família convencional. Entretanto, há uma mão invisível, procurando destruir a família. (veja: http://alainet.org/active/56666&lang=es ) Infelizmente “a janela” está obtendo resultado. As estatísticas da redução das uniões consagradas, bem como o número de separações é um fato plenamente doloroso do esfacelamento familiar.
Todo jovem, trás consigo um grau de dignidade e esperança ao conhecer seus primeiros companheiros(as). Este sonho ainda leva muitos ao pé do altar. Mas a grande maioria quando partem para esta decisão, o fazem em geral muito mais por exibicionismo, fomentada pelas fantasias engendradas nas novelas, do que a assunção de um compromisso sério para toda a vida.
Nesta condição não há dúvida que logo, logo, não suportarão a monotonia matrimonial, constituída em cima de premissas falsas. Com as separações, ainda no ardor de sua juventude, logo buscarão outros companheiros(as) para o preenchimento do vazio existencial. Nestas novas uniões quando existem filhos de um ou ambos os lados, eles serão “premiados” por dois novos avós, novos pais, novos irmãos, novos tios, novos primos assim por diante. A família tradicional piramidal está perdendo espaço para outro tipo mais planar, onde o maior horizonte genealógico serão, quando muito os avós. Esta nova estrutura começa se configurar em verdadeiras teias familiares horizontais. Está se assim perdendo a cepa dos clãs familiares. Os filhos por sua vez, começam perder as referências familiares de consangüinidade.
Quando as dissoluções conjugais são decorrentes de desajustes de comportamentos dos cônjuges, como bebidas, violências, incompatibilidade de gênios, as novas uniões podem ser reconciliadas (o tempo cura tudo) pela nova amizade dos cônjuges que se separaram, para evitar maiores desgastes dos próprios filhos. Surgindo assim, nos encontros familiares como atores em pazes de seus relacionamentos, em eventos familiares como por exemplo aniversário de um dos filhos. Onde os “ex”s se encontram e todos se confraternizam.
Entretanto, uma confraternização sócio/cultural, de aparente harmonia entre os novos figurantes no teatro da vida com novo script. O preço, a ser pago por esta “paz familiar” pela futura geração, talvez será alto demais.
Este é o preço do “turn over” matrimonial, que a cada dia se torna mais freqüente.
- Sergio Sebold – Economista e Professor Independente
https://www.alainet.org/pt/articulo/163679
Del mismo autor
- A grande invasão 02/09/2015
- Falencia financeira do estado politico 16/05/2014
- Fim do Estado político 05/05/2014
- A morte do livro 21/02/2014
- Povo pacífico não faz revolução 12/02/2014
- Também fui “rolezinho” 23/01/2014
- Uma nova Bastilha? 20/08/2013
- O novo “Rato que ruge” 14/04/2013
- O “sorinho” que salvou milhões de crianças 01/04/2013
- A volta do paganismo 25/03/2013