Maduro amplia ofensiva contra especulação e pede que população entregue saqueadores
13/11/2013
- Opinión
Apesar da baixa incidência de saques registrada desde o anúncio de inspeções e intervenção a empresas no final da semana passada, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu nesta terça-feira (12/11) que a população impeça a ação de saqueadores e os entregue às autoridades. Com a possibilidade de conseguir produtos com preço reduzido, que em alguns casos chegam a 60%, venezuelanos se dirigiram massivamente a estabelecimentos comerciais ao redor do país.
Maduro, que na última sexta deu a largada de uma grande operação nacional para combater a especulação, acusa opositores se infiltrarem nas longas filas de consumidores para gerar violência e desordem. “Se você vir um parasita amarelo [cor relacionada ao partido opositor Primeiro Justiça] querendo quebrar uma vitrine, capture-o e o entregue às autoridades, porque o que queremos é paz”, disse ontem em discurso dirigido a trabalhadores de transporte e transmitido por rede nacional de rádio e televisão.
Maduro, que na última sexta deu a largada de uma grande operação nacional para combater a especulação, acusa opositores se infiltrarem nas longas filas de consumidores para gerar violência e desordem. “Se você vir um parasita amarelo [cor relacionada ao partido opositor Primeiro Justiça] querendo quebrar uma vitrine, capture-o e o entregue às autoridades, porque o que queremos é paz”, disse ontem em discurso dirigido a trabalhadores de transporte e transmitido por rede nacional de rádio e televisão.
As Milícias Bolivarianas -- corpo pertencente às Forças Armadas --, organizações populares e partidários foram convocados por ele, nesta segunda, a “garantir a tranquilidade do povo” em praças, locais públicos e nos comércios. Integrantes de organizações populares consultados por Opera Mundi nesta terça confirmam que seus membros estão “acionados e alertas” para evitar qualquer tipo de distúrbio, mas afirmam que apesar das longas filas, a situação está “tranquila”.
Desde a última sexta, a GNB (Guarda Nacional Bolivariana) está mobilizada para o resguardo de comércios que sofreram intervenção e para organização das longas filas nos estabelecimentos. Para evitar a concentração de pessoas nas portas das lojas, a força policial optou por, em alguns comércios, anotar a ordem de chegada dos compradores em uma lista e mandá-los para casa.
Uma filmagem do saque de sábado em Valencia, capital do estado de Carabobo, circulou nos últimos dias por meio de redes sociais e mostra grupos de venezuelanos tentando impedir o crime. “Isso é roubo, isso delinquência, menina”, gritou uma senhora durante a correria. “Ladrões, devolvam isso!” foi outra frase escutada em meio ao intenso barulho, enquanto uma jovem tenta argumentar com homens bem vestidos que saiam do lugar invadido com televisores em suas respectivas caixas.
Um grupo que se opôs à ação consegue retirar alguns televisores das mãos dos saqueadores, e os destroem, para impedir que levem os produtos roubados. “Tirem dele, tirem dele”, gritam algumas mulheres para que o grupo pegue a televisão da marca Sony de um homem, que a deposita em uma picape. “Tem que te dar vergonha, com a camisa da Vinhotinto [seleção venezuelana], você saqueando um local”, disse um homem a outro, que carregava uma TV de plasma.
Apesar de ter usado inicialmente o termo “ocupação” para definir a intervenção das empresas, o governo, em diversas ocasiões pediu que a população não entrasse em desespero para a aquisição de produtos, afirmando que estes continuarão disponíveis a baixos preços. “Eu peço ao povo a máxima colaboração, com consciência, muita paciência (...) Peço compreensão ao máximo, vamos ir por partes, progressivamente”, afirmou Maduro no discurso de ontem, pedindo também que a população não caia na “ansiedade consumista”.
Nesta terça, o Ministério Público venezuelano informou que 15 pessoas foram presas por suposta vinculação com especulação na venda de produtos e 20 por tentativas de invasão a estabelecimentos comerciais. As investigações acerca de supostas “especulação e usura” já derivam em 11 ordens de prisão, segundo o comunicado. De acordo com a presidente do Supremo Tribunal de Justiça do país, Gladys María Gutiérrez Alvarado, 53 tribunais de controle e 24 salas de Cortes de Apelações assumirão exclusivamente casos relacionados ao operativo de controle de preços, como delitos econômicos e saques.
Especulação
Entre os setores prioritários dos operativos de inspeção, que podem resultar na intervenção de empresas -- como aconteceu com redes de eletrodomésticos -- estão os de alimentos, têxtil, calçados, brinquedos e automóveis. Ontem, Maduro anunciou que autopeças, celulares e computadores também terão preços regulados. As fiscalizações identificaram sobrepreços de até 1200%, segundo o governo, que acredita que a reorganização dos valores pode impactar na inflação, que acumula 45,8% desde janeiro.
“A oligarquia achou que eu estava brincando. Eu não estou brincando eu vou pra frente e vou com tudo e ninguém vai me deter na proteção do povo da Venezuela, dos seus direitos econômicos, não vai ter burguesia que possa me chantagear”, disse o presidente, criticando empresários que obtiveram dólares para a importação através dos sistemas governamentais de administração de divisas, mas que vendem os produtos com base no mercado paralelo de dividas, que supera em até nove vezes este valor.
Um grupo que se opôs à ação consegue retirar alguns televisores das mãos dos saqueadores, e os destroem, para impedir que levem os produtos roubados. “Tirem dele, tirem dele”, gritam algumas mulheres para que o grupo pegue a televisão da marca Sony de um homem, que a deposita em uma picape. “Tem que te dar vergonha, com a camisa da Vinhotinto [seleção venezuelana], você saqueando um local”, disse um homem a outro, que carregava uma TV de plasma.
Apesar de ter usado inicialmente o termo “ocupação” para definir a intervenção das empresas, o governo, em diversas ocasiões pediu que a população não entrasse em desespero para a aquisição de produtos, afirmando que estes continuarão disponíveis a baixos preços. “Eu peço ao povo a máxima colaboração, com consciência, muita paciência (...) Peço compreensão ao máximo, vamos ir por partes, progressivamente”, afirmou Maduro no discurso de ontem, pedindo também que a população não caia na “ansiedade consumista”.
Nesta terça, o Ministério Público venezuelano informou que 15 pessoas foram presas por suposta vinculação com especulação na venda de produtos e 20 por tentativas de invasão a estabelecimentos comerciais. As investigações acerca de supostas “especulação e usura” já derivam em 11 ordens de prisão, segundo o comunicado. De acordo com a presidente do Supremo Tribunal de Justiça do país, Gladys María Gutiérrez Alvarado, 53 tribunais de controle e 24 salas de Cortes de Apelações assumirão exclusivamente casos relacionados ao operativo de controle de preços, como delitos econômicos e saques.
Especulação
Entre os setores prioritários dos operativos de inspeção, que podem resultar na intervenção de empresas -- como aconteceu com redes de eletrodomésticos -- estão os de alimentos, têxtil, calçados, brinquedos e automóveis. Ontem, Maduro anunciou que autopeças, celulares e computadores também terão preços regulados. As fiscalizações identificaram sobrepreços de até 1200%, segundo o governo, que acredita que a reorganização dos valores pode impactar na inflação, que acumula 45,8% desde janeiro.
“A oligarquia achou que eu estava brincando. Eu não estou brincando eu vou pra frente e vou com tudo e ninguém vai me deter na proteção do povo da Venezuela, dos seus direitos econômicos, não vai ter burguesia que possa me chantagear”, disse o presidente, criticando empresários que obtiveram dólares para a importação através dos sistemas governamentais de administração de divisas, mas que vendem os produtos com base no mercado paralelo de dividas, que supera em até nove vezes este valor.
Venezuelanos esperam na fila para comprar eletrônicos e eletrodomésticos a preços mais baixos
Luciana Taddeo/Opera Mundi
O presidente venezuelano já afirmou que, caso consiga que o Legislativo do país aprove uma Lei Habilitante para que governe por decretos com força de lei, estabelecerá um limite porcentual de lucro ao setor econômico. “Na Venezuela não há oposição, aqui o que há é uma conspiração permanente, nacional e internacional, de uma burguesia de parasitas”, expressou. Apesar do tom hostil, disse também ter convocado uma reunião com os fabricantes de autopeças nesta quarta para “escutá-los e ajudá-los em tudo o que precisem para que haja abastecimento e preços justos”.
Enquanto para Maduro a ofensiva contra a especulação é uma “necessidade histórica”, para outros, a iniciativa visa conquistar bases populares para as eleições municipais marcadas para 8 de dezembro, considerada como um plebiscito pela oposição. “As medidas mais recentes do presidente são inadequadas economicamente, mas poderiam ser efetivas politicamente para a campanha”, escreveu ontem em seu Twitter o analista e presidente do instituto Datanálisis, Luis Vicente León.
Em coletiva de imprensa nesta terça, o governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, que disputou a eleição presidencial em abril, afirmou que Maduro “longe de dar tranquilidade aos venezuelanos, aumenta a preocupação”. Segundo ele, o presidente faz “chamados anárquicos” e quer “perturbar o processo eleitoral” de dezembro com violência. O opositor afirmou ainda que o governo é “cúmplice” da cadeia de especulação e do mercado negro de divisas.
Enquanto para Maduro a ofensiva contra a especulação é uma “necessidade histórica”, para outros, a iniciativa visa conquistar bases populares para as eleições municipais marcadas para 8 de dezembro, considerada como um plebiscito pela oposição. “As medidas mais recentes do presidente são inadequadas economicamente, mas poderiam ser efetivas politicamente para a campanha”, escreveu ontem em seu Twitter o analista e presidente do instituto Datanálisis, Luis Vicente León.
Em coletiva de imprensa nesta terça, o governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, que disputou a eleição presidencial em abril, afirmou que Maduro “longe de dar tranquilidade aos venezuelanos, aumenta a preocupação”. Segundo ele, o presidente faz “chamados anárquicos” e quer “perturbar o processo eleitoral” de dezembro com violência. O opositor afirmou ainda que o governo é “cúmplice” da cadeia de especulação e do mercado negro de divisas.
- Luciana Taddeo | Caracas
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